A independência do Brasil se deu por interesses externos, principalmente por parte da Inglaterra. Com a volta de Dom João VI para Portugal os tratados poderiam ser desfeitos, porque Portugal precisaria continuar extraindo as riquezas da colônia brasileira. Já que a Corte havia voltado, não eram mais necessários os acordos econômicos – os quais existiam em maior número com a Inglaterra.
A partir de então, investiu-se na independência do Brasil, mas não por consciência da população da então colônia portuguesa, mas por ação das elites, principalmente a associada aos Estados Unidos. Por seu lado, a Inglaterra via no Brasil independente um novo mercado assegurado para seus produtos industrializados.
O Brasil saiu, assim, da posição de subordinado político de Portugal para entrar na situação de dependência econômica em relação à Inglaterra. Não foi sem pressão inglesa que a metrópole reconheceu a independência de sua mais importante colônia do passado. A Corte portuguesa exigiu, no final das contas, grandes somas em dinheiro, as quais a nova nação teve de conseguir através de empréstimos junto aos ingleses. Os privilégios, portanto, continuaram sendo os mesmos, e desde a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil – momento da abertura dos portos brasileiros para os produtos europeus. O país recém-nascido assumia, nesse momento, boa parte das dívidas de sua antiga colônia, e permanecia refém dos acordos comerciais com a Inglaterra.
A Independência do nosso país se deu sem a participação do povo; foi uma negociação de interesses entre as elites diplomáticas. Negociação esta que favoreceu a uma minoria da população brasileira.
Se observarmos, a escravidão continua por mais sessenta anos, a miséria continuou, a dívida aumenta, o ensino ainda era só para as elites. Penso que a independência de um país só ocorre quando há autonomia política e econômica, com foco na inclusão social e com participação popular – o que só ocorreria no final do século XX.
Portanto, a data de 7 de setembro de 1822 foi apenas o início de uma trajetória que levou quase dois séculos para se efetivar, quando o Brasil passou a ser reconhecido pelo seu desenvolvimento político e econômico entre diversos países dos cinco continentes.