segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Consciência Negra no Brasil

O Brasil foi um país explorado por europeus, sendo no primeiro momento por Portugal, enquanto foi possível retirar os recursos naturais e manter a monocultura com base na mão-de-obra escrava.

A partir da revolução industrial, no início do século XIX, na Europa, passa a haver mudanças nos produtos comercializados no Brasil, principalmente com a vinda da família real, em 1808, tendo como escolta os ingleses, em contrapartida à abertura dos portos. E, consequentemente, a vinda de produtos industrializados da Europa.

Na América, o Brasil foi o primeiro país a explorar a mão-de-obra escrava e o último a dar-lhes a abolição, sendo o Brasil o que mais importou escravos da África.

A economia escravista produziu a rica mercadoria colonial com a mão-de-obra servil: pau-brasil, açúcar, café, ouro, fumo, charque e outras.

Os valores dos escravos eram calculados principalmente pela origem - quanto mais longe estivessem de sua origem, mais alto era seu preço, porque era difícil de fugir juntos com seus grupos de mesma língua e cultura. Assim não tinha condições de se organizar com cultura diferente e idioma. Seu dono ficaria tranquilo no que referente às organizações. Quando o Brasil se tornou independente, a população brasileira era de três milhões e meio de habitantes, sendo um milhão e meio de escravos. Mas mesmo com este número de escravos era difícil haver organização. Ainda no século XVII existiram algumas organizações com os quilombos, que criavam núcleos de escravos fugitivos rebeldes, que se reuniam para obter liberdade. Um dos quilombos mais famosos foi o dos Palmares, que durou quase cem anos  (1602 a 1694) e reunia em torno de trinta mil habitantes em diversas comunidades. Este localizava-se na União dos Palmares, atual Alagoas, na época, o interior da Bahia.

Em 1694, o principal Quilombo foi totalmente destruído, e a partir daí foram 194 anos para ocorrer a “abolição dos escravos”, em 1888. Não existiu uma organização sólida coletiva, para dar uma sustentação aos ex-escravos; por isso, ficaram jogados na marginalização, sem nenhum amparo governamental. E na ilusão de estar livre.

A liberdade passou a se consolidar a partir do governo Lula, através de debates com a sociedade, com foco na inclusão social dos excluídos - entre eles, os negros.

É importante que os movimentos afro-brasileiros se insiram dentro do contexto amplo social e informem as questões históricas do negro escravo no Brasil. Os escravos nunca aceitaram pacificamente as condições em que viviam. Muitos deles lutaram, mas não era possível livrar-se dos opressores, devido às estratégias implantadas por eles.

O herói Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, só foi lembrado e homenageado no século XXI. Tendo ele deixado a mordomia da companhia de um padre missionário, que na época tinha aprendido a Língua Portuguesa e o Latim, ainda jovem retornou para seu povo para lutar até a morte contra a opressão dos portugueses, sendo o 20 de Novembro contemplado como o Dia da Consciência Negra no Brasil.

O fato histórico é importante para refletirmos o porquê de só em 2003 ser criada a Lei 10639, a qual estabelece a inclusão de conteúdos da história afro-brasileira em todas as escolas de Ensino Fundamental e Médio. Por outro lado, não basta criar leis, é necessário também colocar professores qualificados e conscientes para ministrar as aulas da disciplina de acordo com a Lei estabelecida. Sabe-se que esta é a parte mais difícil, porque as universidades, nas áreas Humanas, só foram incluir a disciplina afro-brasileira após a dita Lei 10639; portanto, as escolas não tem condições de cumprir a demanda de professores nesta área. É necessário adequar os professores, estes muitas vezes sem qualificação e sem consciência do tema.

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